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ANNA NERY

Ana Justina Ferreira Néri, também conhecida como Anna Nery nasceu no interior da Bahia, no dia 13 de dezembro de 1814. Casada desde os 23 anos com Isidoro Antônio Nery, Anna ficou viúva aos 29, assumindo a responsabilidade de cuidar sozinha dos três filhos pequenos. Os dois mais velhos se formaram em Medicina o mais novo seguiu carreira militar.

Com o início da Guerra do Paraguai em 1865, os filhos de Anna foram convocados para lutar nas frentes de batalha. Inconformada com a separação, ela escreve ao presidente da Província da Bahia, o conselheiro Manuel Pinho de Sousa Dantas, que lhe fosse dado o direito de acompanhar os filhos e o irmão durante os combates, ou, que ao menos, ela pudesse prestar serviços nos hospitais do Rio Grande do Sul.

Aceito o pedido, viajou até o Rio Grande do Sul onde aprendeu com as irmãs de caridade da irmandade de São Vicente de Paulo noções básicas de enfermagem. Mesmo sem ter condições adequadas, como: pouca higiene, falta de materiais e excesso de doentes, Anna chamou a atenção, por sua dedicação ao trabalho como enfermeira, por todos os hospitais onde passou.

O que fez?

Durante a guerra Anna Nery enfrentou o caos da saúde no país quando as doenças proeminentes da época eram a cólera, febre tifóide, disenteria, malária e varíola. Durante toda a Guerra do Paraguai prestou serviços nos hospitais militares de Salto, Corrientes (Argentina), Humaitá e Assunção (Paraguai), bem como nos hospitais de campo, na frente de operações militares. Em sua convivência diária com os médicos, no trato conjunto das obrigações, adquiriu conhecimentos terapêuticos, mas o bom senso aliado ao seu olhar de mãe que cuida  de filhos doentes muitas vezes fez prevalecer sua opinião aos médicos.

A enfermeira conseguiu transformar a realidade sanitária local, impondo condições mínimas de higiene para que doenças não se alastrassem e feridas fossem tratadas. Na luta pela recuperação dos pacientes eram usados recursos da época como iodo, cloreto de potássio, água fenicada e cauterização, além de beberagens de plantas medicinais. É considerada a primeira pessoa não-religiosa a dedicar-se aos cuidados com a saúde de uma comunidade ou população.

Terminada a guerra, regressou à sua cidade natal, onde lhe foram prestadas grandes homenagens. Na volta ao Brasil, Anna Nery trouxe três pequenos órfãos - filhos de soldados desaparecidos nos combates- os quais passou a educar como se fossem seus filhos legítimos. Sensibilizado com este fato, D. Pedro II lhe concedeu a Medalha Humanitária e a Medalha da Campanha do Paraguai, além de uma pensão vitalícia para ajudá-la na criação das crianças que adotara.

Anna morreu na cidade do Rio de Janeiro aos 65 anos, em 20 de maio de 1880.

Em sua homenagem, em 1923, a primeira escola oficial brasileira de enfermagem recebeu o nome de Anna Nery.

Em 2009, por intermédio da Lei n.º 12.105, Anna Nery se tornou a primeira mulher a entrar para o Livro dos Heróis e das Heroínas da Pátria, depositado no Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília (DF).

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